Cantiga
A esta cantiga alheia:
Perdigão perdeu a pena,
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão, que o pensamento
subiu em alto lugar,
perde a pena do voar,
ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
asas, com que se sustenha:
não há mal que lhe não venha.
Quis voar a uma alta torre,
mas achou-se desasado;
e, vendo-se depenado,
de puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
lança no fogo mais lenha:
não há mal que lhe não venha.
Luís de Camões
In Poesia lírica, Luís de Camões (Ulisseia, p. 59)
09.10.2022
Luís de Camões
Manuela de Freitas e Mário Viegas
José Mário Branco
António José Martins
José Fortes (Angel Studios, Outubro de 1990)
UPAV - União Portuguesa de Artistas de Variedades, em 1990 (vinil); Público, em 2006 (CD); poesia.fm, 2022 (versão digital)
Manuela de Freitas, Hélia Viegas, Ana Viegas Cruz, Filipe Esménio, Pedro Branco, Manuela Jorge, Paulo Ferreira e Margarida Ourique