Dispunha às vezes como um mapa sobre a mesa
como um nome próprio
a tristeza
Lembrava a rapariga tão magra
que os pensamentos lhe apareciam à flor da pele
Tão magra que sem táctica não podia
florescer
Salientemente bela
como osso saindo da carne
ou pássaro largando a árvore
A rapariga conduzia pela noite
os pulsos quebrados decalcavam as estradas
a nova geologia do verbo
que um homem ao vento transfigurou
Onde já não respirava a rapariga
havia liso e incontuso o mapa
veias azuis como os trilhos frescos
onde os cavalos preferem morrer
De Alegria para o fim do Mundo (2020, Porto Editora)
Oriana Alves
Sérgio Milhano, PontoZurca