Olho à minha volta e penso em tudo
quanto fui acumulando ao longo dos
anos: quadros, livros, móveis, coisas
a que dei uso ou por hábito foram
ficando esquecidas nos seus devidos
lugares. Aquela moldura, fotografias
esmaecidas pela humidade, páginas
intermináveis de pensamentos que
hão-de morrer comigo na medida
em que comigo frugalmente viveram.
Para mim, nessora morto, tudo será lixo.
Tal como a vida o é para um cadáver.
De Estalagem (2019, Medula)
25.06.2022
Oriana Alves
Sérgio Milhano, Pedro Baptista
PontoZurca