Longe da cidade, da morte
Longe da cidade, da morte
constante da cidade,
uma brisa mais
atrevida dança
com a copa das árvores,
enquanto, no regaço de
antanho, expio pecados
do não-fazer, e me
destapo da conspiração
da sobriedade. Ninho de
afectos roufenhos,
garganta lacerada, tanta
é a fome que gritam.
Surdo e voraz, Abril
desmaiado em algodão,
o deslumbre de todas
as quezílias; sem queixume,
o sabor da caneta ao encontro
do papel. E deixo-me estar
em vez de ser.
de A norte do calendário (2022, Medula)
30.05.2022
Oriana Alves
Sérgio Milhano, Pedro Baptista
PontoZurca