Se tivesse uma armadura
Se tivesse uma armadura,
impenetrável como os risos
das crianças antes da primeira morte,
cortaria com os dentes
o fio de Ariadne, faria por perder-me
no labirinto entre os ponteiros do relógio,
tentaria a fome do Minotauro com nacos
de afecto do pojadouro
e, fazendo-lhe festas
com mãos de ferrosa mentira,
dir-lhe-ia:
“És mais gente que os demais,
a vida cuspiu-te
um sorriso”.
de A norte do calendário (2022, Medula)
01.06.2022
Oriana Alves
Sérgio Milhano, Pedro Baptista
PontoZurca