Vivian Maier, Untitled (s/d)
Sobre a fotografia da criança que se deixa posar
de braços cruzados em frente à montra repleta
de luvas e que olha Vivian nos olhos, o historiador
destacou a importância de usar relógio. No entanto,
quanto mais a observo, mais prefiro que aqui fique
registada a condição de um certo absoluto que se
percepciona naquele olhar. E não se conseguindo
definir a natureza desse absoluto, nem o seu nome,
nem o seu tempo, nem o seu lugar, contemple-se
todo o rosto, determinado pela sujidade e pelo choro,
e a ausência de um sorriso, para se entender que
o que perturba nesta imagem, tão lírica quanto real,
é o excesso de um auto-retrato.
De Untitled (2017, volta d’mar)
28.05.2022
Oriana Alves
Pedro Baptista, PontoZurca