de vez em quando ser pedra
se a pedra pudesse
alcançar as linhas
das suas mãos
diria o jeito azul de uma baía
o círculo cortante das bordas
de uma pedra
se a pedra pudesse dizer
o vir das ondas dizer
o verde mato
a envolver
suas costas diria
ser pedra
é ouvir sair seus pés no azul
cortar as baías de um canto
a outro canto
ser pedra
é dançar a geografia
das ondas
dizer as alvas bordas
das ondas
ser pedra
é descobrir o áspero modo
despetalar as torres
perseguir como nunca
uma imagem ingênua
se perder colidir
singrar a noite
num quartzo rosa
Inédito
03.09.2022
Érika Santos
Sérgio Milhano, PontoZurca