[Ideia repentina de ser nada]
Ideia repentina de ser nada.
Como fuzil, tão súbita e estranha,
queda por dentro, vertigem em chama –
pedais e volante, curva de estrada.
Noite diáfana em luz que desliza.
Pontos que dançam. Suaves traçados.
Fundo que assomas por todos os lados.
Chuva brilhante, na estrada que gira.
Estrada, estrada veloz, espécie de espuma.
Morrer é fácil – e então a dor?
Velocidade. Desejo de ser pluma –
o corpo ardente será o que for.
A carne e a consciência… entre uma
e outra – tanto dança, como dor.
De Sonetos de Amor e Morte, de Maria do Mar (livro inédito)
05.04.2022
Oriana Alves
Sérgio Milhano, PontoZurca