[Quem nos dera que o amor não doesse]
Quem nos dera que o amor não doesse
mas apenas florisse, tão suave
como diáfano de cor ou frase
que em vítrea Primavera jubilasse.
Alegria tão breve e que demora –
onde estás?… Onde estão esses planaltos
do prazer fluído e sem sobressaltos
e do indizível que não tem hora?
Tão estranho amor que dói e acontece
e sem razão suaviza os caminhos.
Estepe de Verão. Tapete que floresce.
Brandura dos vazios desaparecidos.
A suavidade e o velho deserto
coexistem, absurdos e floridos.
De Sonetos de Amor e Morte, de Maria do Mar (livro inédito)
06.04.2022
Oriana Alves
Sérgio Milhano, PontoZurca