EM 582
Perdem-se em corta-matos,
trepam encostas, vão de tochas
penitentes, por íngremes caminhos,
pernoitar nos vales despovoados
com rios encaixados em fragas rumorosas.
Muitas estão mortas, longínquas
como estrelas de neutrões,
fechadas umas após outras as portas
que o progresso não pôde restaurar.
Impune as frequenta o assobio do vento,
o mesmo que há milénios nos sacode desatento.
O vento que nos fica com as asas
quando estamos prestes a saltar.
De Estrada Nacional (2016, IN-CM)
26.04.2022
Oriana Alves
Sérgio Milhano, PontoZurca