Encadeada no fulgor da palavra deslizo / abrindo linha sem réplica no ecrã / por levar meu peito além da dor / tal vício refreie o coração móbil / engenho vacilante ao débito dos dedos / sob alvitre d’ortografia mecânica / desvelando por sinais anseio dó / deliro descendo afetos reta / o ecrã canto contínuo / lavrado por emoticons e GIFs / bocejo entre afazeres terrenos / em multitasking faço jus ao jogo / à chama fértil colisão sentimental / treino sorte a contragosto: ao macho seta / pontaria à mulher presa na traça / galanteia e pobre espera // No feed transcorre oferta / um novo perfil lustrino / tabliê tatoo riso retrovisor / gonilha gárrula fibra tensa / cara à banda menina que sou casado / cansado quero testar teu corpo / em trânsito procuro pacto / consórcio companhia alma dupla / a 3 Km somente calvo convoco / nova vida arrisca que não dói / e se falhar havemos de beber / até ficares igual à fotografia.
Diana V. Almeida
de Cosmos e casas (2021, Urutau)
29.03.2022
Oriana Alves
PontoZurca